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Gostinho brasileiro: cachaça de alambique e tiquira ganham qualidade e aceitação do público


 O perfil do consumidor de cachaça artesanal e da tiquira está mudando. E isso se deve ao esforço de regulamentar as agroindústrias - que produzem as bebidas destiladas -, às melhorias nos processos de fabricação e às ações de divulgação das bebidas Made In Maranhão para o consumidor final, dentro e fora do estado.

O Brasil na garrafa - conheça a série especial sobre a cachaça!
Com o Projeto CARTIMA, as marcas maranhenses de cachaças, tiquiras e gin, produzidos no Maranhão, ganham em qualidade. Como resultado, cresce a aceitação do público consumidor que usa a bebida em drinks e pratos mais elaborados.

O Projeto CARTIMA foi criado em 2018, com o objetivo de estimular a regularização das unidades agrofamiliares que produzem cachaça, tiquira e gin em todo o estado. A iniciativa é uma parceria entre o Sindibebidas, Sebrae MA, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-MA) e Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) - que é responsável pela coordenação do projeto.

A cadeia produtiva da cachaça, segundo a coordenadora do Projeto CARTIMA, Oísina Piorski, está distribuída por todo o Maranhão. No entanto, é necessário apoiar os produtores para que deixem no passado a fabricação rudimentar dessas bebidas e garantam um padrão mínimo de qualidade exigido pelos órgãos regulamentadores.

“A padronização do processo produtivo da cachaça, tiquira e gin, agrega muito valor ao produto e o padrão de qualidade alcançado ajuda a desenvolver o mercado”, explicou Oísina.

Desde que começou o Projeto CARTIMA, as marcas registradas passaram de três para 17 e outras oito estão em processo de registro. Há ainda um trabalho demandado por essas instituições em parceria com o Governo do Estado, para que a tiquira seja reconhecida como patrimônio imaterial do Maranhão.

Mauro Borralho de Andrade, diretor técnico do SEBRAE-MA, lembrou que os resultados obtidos até agora no Projeto CARTIMA servem de vitrine para que outros produtores vejam os benefícios da formalização das suas empresas.

“Com mais profissionalismo e uso de tecnologia, os produtores terão melhores condições de comercialização. Além disso, marcas locais já conseguiram várias premiações nacionais e internacionais.", diz Mauro Andrade.  

Para o dia ficar bom, só preciso de cachaça, açúcar e Reserva do Zito
A Cachaça Reserva do Zito, que existe há 70 anos, ganhou impulso ao participar do CARTIMA. A versão Prata foi premiada, em 2019, com a medalha de ouro no concurso Spirits Selection by Concours Mondial, de Bruxelas. A cachaça é produzida com o uso de levedura nativa que é responsável por balizar o aroma e sabor da bebida e que evidencia a conexão do seu processo produtivo com a terra. 

O projeto contribui para fortalecer os destilados do Maranhão, que, além de cachaça, tem também marcas de tiquira e gin. “A iniciativa melhora as práticas de produção, discute questões tributárias para o segmento e gera fortalecimento sindical”, avaliou o presidente do Sindibebidas, Jorge Fortes, proprietário da Cachaça Capotira. 

Cachaça boa é aquela que é compartilhada
Atualmente, as bebidas destiladas maranhenses atendem a um público mais exigente, em hotéis, restaurantes e eventos. Em apenas uma semana, várias marcas puderam divulgar seus produtos no 5º Salão de Turismo Rota das Emoções e na Feirinha São Luís, no Centro Histórico.

A boa notícia para os fabricantes é que o público, quando atesta a qualidade do produto, aceita pagar mais caro para ter uma experiência diferente no consumo da cachaça, anteriormente vista apenas como um produto barato.  

A cachaça também é delAS!
A funcionária pública Ana Valéria Ambrósio iniciou em 2020, em São Luís, a produção de uma cachaça que leva seu sobrenome - Cachaça Santo Ambrósio. Decidiu entrar em um mercado majoritariamente masculino. Por meio do projeto registrou a marca e hoje se dedica a criar receitas que mudam o jeito de consumir cachaça.

"Fizemos caipirinha com limão caramelizado, brigadeiro de caipirinha, além do uso da cachaça para flambar alimentos. A Cachaça Santo Ambrósio é para ser consumida como uma experiência e as embalagens foram pensadas para que as pessoas possam usar para presentear amigos”, disse Ana Valéria.   

Outras opiniões e público exigente! Lucas Araújo, proprietário da cachaça Mestre Cana, falou que o Projeto CARTIMA é extremamente importante para dar visibilidade às marcas maranhenses, pois reforça a comunicação com o público. Ele cria drinks que têm como inspiração a cultura maranhense. Uma das criações é uma bebida preparada com licor de vinagreira e hibisco.  

O fotógrafo Alan Rodrigues, que é consumidor de cachaça maranhense, experimentou a novidade. Para ele, o Projeto CARTIMA chegou para valorizar o que é nosso. “Costumamos consumir muito o que vem de fora. Essa valorização do produto local é importante porque tem sabor de maranhensidade”, resumiu.  

Relembre como a cachaça virou uma IG
O Decreto 4.062, de 21 de dezembro de 2001, tornou as expressões cachaça, Brasil e cachaça do Brasil indicações geográficas, definindo a bebida como um produto exclusivamente brasileiro.

O Brasil na garrafa - conheça a série especial sobre a cachaça!

Por trás do decreto tem uma história muito boa, contada por Maria das Vitórias Cavalcanti, terceira geração de produtores de cachaça Pitú (PE).